sexta-feira, 10 de junho de 2011

Esse rio

Levara consigo todas essas coisas.


O homem de cabeça baixa pedia-me, pela última vez,
A visão do barco napolitano e um mapa de Florença, que o recomendava
A embarcar no dia seguinte, por alturas do São João.

Eu fui feliz em Chiavenne - dizia.
Estive à esquerda da fama
E à direita de Deus.

Tinha tudo preparado: um barco de velas pintadas,
O archote que finta a nortada
E seis monges que rezavam
À ordem baixa do meu reino.

Mas errei por sete horas
Esse trajecto de cinco semanas.

Fiquei com ouro e pedras de um mausoléu
Dos mestres carpinteiros e pintores
Apesar de ter encorajado um escultor na destruição.

Muito sinceramente,
Deixei de ser a adorável criança
Nessa prosa de joelhos
E dos rasgados versos
Bem esfolados
Pelas manhãs.

Serei sempre prisioneiro dessa pequena nascente
Onde vivi a montante.

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